Estreiam esta quinta-feira (23) “Sacavém” e “Diálogo de Sombras“, os últimos filmes de Júlio Alves. Para marcar a estreia em Coimbra, os filmes terão duas sessões especiais com a presença do realizador Júlio Alves na Casa do Cinema de Coimbra, que estará em conversa com Patrícia Sequeira Brás, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
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Após a XXVII edição dos Caminhos do Cinema Português, a Casa do Cinema de Coimbra retoma a sua exibição regular com exibições de terça a sexta e vários momentos especiais com filmes em estreia nacional e sessões para ver cinema em família.
Filmes de Júlio Alves e Miguel Gomes são as duas primeiras longas da semana dos Caminhos do Cinema Português
As longas “A Arte de Morrer Longe”, de Júlio Alves, e “Diário de Otsoga”, de Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro, são as duas primeiras da Seleção Caminhos, que começa este sábado, 13 de novembro. Esta secção conta com duas sessões, uma às 17h30 e outra às 21h45, ambas no Teatro Académico de Gil Vicente. O realizador Júlio Alves estará presente em Coimbra.
Primeiro foi o “novo normal”, e agora é o “regresso à normalidade”. E ainda nem tivemos o tempo necessário e imprescindível para assimilar a inerente estranheza destas expressões tão curiosas que repentinamente vieram assaltar o nosso quotidiano. Teremos estado assim tão inundados pela constante torrente de “notícias”, “opiniões” e variadas outras reações oferecidas pelos novos meios, aos quais temos a desfaçatez de encarar enquanto “comunicação”, para não nos termos apercebido do comodismo com que medimos toda e qualquer realidade, por mais espantosa que seja, através do confortável conceito de “normal”? E se sim, como observar de facto essa normalidade a que estamos a regressar?
Poucas serão as biografias que não apresentem períodos de nigredo ou de estágios de inacção. Habitualmente esses momentos – apesar normalmente enfrentados da pior das maneiras – têm em si a “possibilidade semente”, a capacidade de regeneração e reinvenção, em suma a oportunidade de iluminar a “noite escura da alma”.
Estes últimos tempos representaram toda uma negritude com um elemento adicional (e novo para o mundo ocidental contemporâneo): a partilha desse momento. Como colectivo humano, ouvimos em uníssono a voz do silêncio de uma pandemia que nos forçou a isolar e a mudar hábitos. Fez com que abandonássemos, entre outros, hábitos de consumo cultural e social, chegando ao cúmulo de uma quase total substituição de um curador de cinema por um algoritmo de uma qualquer plataforma online.
Na passada edição, no auge de uma pandemia com limitações variadas e transversais a todos os comportamentos humanos, tentámos que esses momentos escuros de isolamento fossem “compensados” por momentos de individualidade partilhada dentro de uma sala de cinema. Apesar disso, sejamos justos, percebemos que o próprio significado de festival (no sentido mais literal de festividade) não foi totalmente cumprido e deixado em pausa.
O Festival Caminhos do Cinema Português exibe, no dia 24 de novembro às 21h45, o filme “Vitalina Varela”. 55 anos de idade, 25 à espera de um bilhete de avião. Vitalina regressa a Portugal três dias após o funeral do marido. A sessão terá a presença de Leonardo Simões, Diretor de fotografia.
A produção nacional parece responder a um género de chamado conceptual, apresentando anualmente temáticas que se cruzam, independentemente da distância, quanto à sua forma e resultado. Nesta XXV Edição do festival Caminhos, a questão memória foi evocada constantemente, despoletada pela organização do nosso acervo aquando da idealização do conceito desta presente edição e celebração.