Estreiam esta quinta-feira (23) “Sacavém” e “Diálogo de Sombras“, os últimos filmes de Júlio Alves. Para marcar a estreia em Coimbra, os filmes terão duas sessões especiais com a presença do realizador Júlio Alves na Casa do Cinema de Coimbra, que estará em conversa com Patrícia Sequeira Brás, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Tag pedro costa
Após 177 filmes e mais de uma semana de festa, nada melhor do que fechar com chave d’ouro a XXV edição do Festival Caminhos do Cinema Português, contando assim com uma grandiosa e entusiasmante cerimónia de entrega de prémios que teve início pelas 21:45 na já conhecida casa do Teatro Académico Gil Vicente.
Com o acompanhamento musical da Big Band Rags, da Tuna Académica da Universidade de Coimbra, e a presença de diversas figuras que contribuíram, contribuem e continuarão a contribuir para o panorama cinematográfico nacional.
A noite iniciou-se com uma breve introdução sobre o decurso da cerimónia e logo discursaram figuras da direção e organização do festival como Tiago Santos e António Pita.
Chegados à recta final deste quarto de século do Festival Caminhos do Cinema Português, celebra-se a variedade criativa das curtas da 7ª arte nacional.
Isto porque – exceptuando-se “Caminho de Casa” de Arlindo Orta, o cardápio deste último dia está repleto de curtas-metragens, entre as quais se assinala o regresso de Teresa Villaverde com “Où en êtes-vous, Teresa Villaverde?“, um documentário que pelo título poderia dar aparências de auto-biográfico.. mas, como a realizadora já nos habituou, trata-se somente de olhar pessoal não sobre a cineasta, mas sim sobre o Carnaval do Rio o desfile que a Escola da Mangueira fez em homenagem a Marielle Franco.
De facto, o formato curta denota-se como o mais popular de entre os autores cinematográficos de Portugal e os Caminhos deste ano não desmentem tal tendência. No entanto, aponta-se é um número menor de projectos de animação, embora o género se mantenha vivo com curtas como “Moulla” de Rui Cardoso, “O Peculiar Crime o Estranho Sr. Jacinto” de Bruno Caetano e “Les Extraordinaires Mésaventures de la Jeune Fille de Pierre” de Gabriel Abrantes. Esta última curta – que figurou na cerimónia de abertura – embora não seja totalmente de animação, envereda por uma mistura de animação computadorizada com imagem real, talvez um sinal de que os criadores de animação em Portugal estejam a preparar-se para abraçar as técnicas do CGI.
A última obra de Pedro Costa tem o nome da sua personagem principal, uma personagem de carne e osso. Através de um cinema cru, que mostra a realidade dos bairros sociais na capital, o realizador permite ao espetador observar o cruel quotidiano de quem vive naquelas “casas”. No dia 24, no TAGV, esteve ainda presente Leonardo Simões, diretor de fotografia, para abordar a temática da iluminação.
A nona longa metragem do realizador conta a história de Vitalina, uma cabo verdiana cujo marido partiu para Portugal. A mulher esteve mais de 25 anos à espera para conseguir visitar o marido. Quando o consegue, é já tarde demais, uma vez que o seu funeral fora há três dias. Através da luz natural e do barulho de fundo, Pedro Costa leva os espetadores a imergir na dor da perda de Vitalina.
Apesar da propaganda contrária, muita vezes derivada do mediatismo sensacionalista centrado somente nos nomeados aos Óscares e semelhantes sucessos de bilheteira, o cinema português de hoje em dia está vivo e de boa saúde, marcando presença única no globo cinematográfico, muito graças à sua exploração da docuficção. Aliás, Portugal afirmou-se como uma nação pioneira no que toca a esse tipo narrativo, com “Maria do Mar” de Leitão de Barros, uma das primeiras produções deste subgénero, antecedendo clássicos mais notórios como “A Terra Treme” de Luchino Visconti ou “Close-Up” de Abbas Kiarostami. E apesar desse marco cinematográfico infelizmente negligenciado pela maioria do público desatento ao campo histórico, é inegável como os cineastas portugueses de actualmente revelam uma vontade de ressuscitar tais temáticas intermitentes e hipnotizantes entre a realidade e a ficção, o sonho e a memória. É o caso de Tiago Siopa, cujo novo filme “Fantasmas: Caminho Longo Para Casa” abre o 3º dia do Caminhos, sendo exibido às 15h no TAGV. Esta nova longa-metragem do realizador português apresenta-se com uma investida que parte do fantástico mas, transpondo imagens documentais captadas no passado para o presente, promete ser igualmente uma reflexão surreal sobre a passagem de testemunhos entre vidas e gerações.
O Festival Caminhos do Cinema Português exibe, no dia 24 de novembro às 21h45, o filme “Vitalina Varela”. 55 anos de idade, 25 à espera de um bilhete de avião. Vitalina regressa a Portugal três dias após o funeral do marido. A sessão terá a presença de Leonardo Simões, Diretor de fotografia.
Na sua 25.ª edição os Caminhos do Cinema Português reforçam a oferta e a promoção do Cinema Português. É nesse sentido que o festival afirma que há “cinema português para todos”. Curtas e Longas Metragens na animação, documentário e ficção partilham a tela do Teatro Académico de Gil Vicente, do Mini-Auditório Salgado Zenha e dos Cinemas NOS do Alma Shopping.
Renovando a sua oferta programática, o festival apresenta-se agora com três Secções Competitivas; Caminhos, competição que junta cineastas consagrados e novos valores; Ensaios, cinema académico de origem nacional e internacional; e Outros Olhares, uma nova secção que promove o derrube do cânone e o cinema enquanto arte sensorial e experiência pessoal.
A produção nacional parece responder a um género de chamado conceptual, apresentando anualmente temáticas que se cruzam, independentemente da distância, quanto à sua forma e resultado. Nesta XXV Edição do festival Caminhos, a questão memória foi evocada constantemente, despoletada pela organização do nosso acervo aquando da idealização do conceito desta presente edição e celebração.
O Festival Caminhos do Cinema Português regressa de 22 a 30 de novembro, trazendo o melhor cinema nacional contemporâneo a Coimbra. Esta edição tem como principais novidades a atribuição do prémio Ethos, atribuído a Isabel Ruth e a promoção da Secção “Outros Olhares” a categoria competitiva.