Derrubam os cânones, desprendem-se das regras tradicionais e procuram uma nova linguagem cinematográfica em que o argumento dê lugar à sensação – são assim os 34 filmes em exibição na Seleção Outros Olhares, uma das três secções competitivas do Festival Caminhos do Cinema Português.
Tag Clara Jost
À boleia da diversidade de géneros, estilos e contextos que, a cada ano, marcam a sétima arte nacional, os Caminhos regressam a Coimbra, entre 9 de novembro e 5 de dezembro, para provar que há cinema português para todos. Com a exibição de quase centena e meia de filmes, as secções competitivas do Festival Caminhos do Cinema Português arrancam já na próxima semana e trazem consigo estreias nacionais e um candidato a representar Portugal nos Óscares.
No dia 27, nos Cinemas NOS, a Seleção Ensaios apresentou dez filmes de realização feminina. As exibições foram seguidas de um debate sobre as mulheres no cinema e teve a presença de Débora Gonçalves, realizadora de “Teus Braços, Minhas Ondas”.
As exibições com abordagens às temáticas LGBTI+, começam na quinta-feira, dia 29 de novembro. António Joaquim Rodrigues Ribeiro é o protagonista e dá pelo nome de António Variações. Um ícone da música portuguesa e um dos primeiros portugueses a assumir-se como homossexual, deixou marcas e abriu caminhos a várias gerações de artistas. Um filme biográfico que levou mais de 15 anos a estar de pé, pelo realizador João Maia. As perguntas e respostas desta sessão são moderadas por Sandra Bettencourt.
Os Caminhos primam como festival de cinema pela inclusão de todas as correntes de produção do cinema português.. Olhando à representação no ecrã das demais comunidades programaram-se um conjunto de sessões em que as temáticas LGBTI+ são protagonistas. Com as crescentes manifestações e a capacidade de auto-afirmação enquanto comunidade, que deve ser contemplada com direitos e tratamentos iguais, o festival traz ao público filmes que abordam a temática. Através de uma pluralidade temática e artística, vão ser transmitidos filmes que trabalham, desde questões de género e de orientação sexual, até tópicos sobre o corpo e a identidade. Assim, esperamos que os nossos caminhos se cruzem. As sessões com esta temática ocorrem na Quarta, 27 de Novembro, às 17:30 na Seleção Ensaios nos Cinemas NOS Alma Shopping, e Sexta, 29 de Novembro, às 17:30, na Selecção Ensaios nos Cinemas NOS Alma Shopping, 21:45 na sessão da Seleção Caminhos no TAGV e às 22:00 nos Caminhos Mundiais exibidos no Mini-Auditório Salgado Zenha.
A 27 de Novembro recebemos, na sessão das 21h45 da Selecção Caminhos as presenças de Tiago Hespanha, realizador de “Campo”, e João Manso, realizador de “História Secreta da Aviação”, ambos produções da Terratreme.
À tarde, na sessão das 15h00, “18” terá o seu realizador Rui Esperança presente, bem como “Gabriel” será representado pelo seu realizador “Nuno Bernardo”, pelo Director de Fotografia, Pedro Negrão e pela actriz Ana Marta Ferreira. A actriz Soraia Chaves representa a curta-metragem Moscatro. Esta sessão é reposta às 22h00 nos Cinemas do Alma Shopping.
Às 17h30 os Caminhos exibem a última animação de Regina Pessoa, “Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias”, “Lá Fora as Laranjas Estão a Nascer” de Nevena Desivojević e “Alva”, do realizador Ico Costa.
Iniciada em 2006, a Seleção Ensaios, dedica-se ao cinema de escola, trazendo aos Caminhos do Cinema Português a a pujança dos novos autores, revelando nomes hoje reconhecidos e estabelecidos. Com a competição nacional, corresponde-se ao mote de revelar todo o cinema português, com filmes de mais de uma dezena de escolas portuguesas e com a competição internacional desvenda-se o que é feito em escolas de cinema de todo o mundo.
Seleccionar e programar cinema português, no único festival que se dedica exclusivamente ao mesmo, implica um desafio constante para a programação. Seleccionar é estar atento e desperto às movimentações comerciais e não-comerciais dos filmes que são anualmente produzidos, mudando constantemente a nossa perspectiva de eer um programa e um festival de cinema. É tentar criar e recriar fórmulas (sempre imperfeitas) de fazer com que se troque o banco de casa ou do bar pelo de cinema, para que se aceda a esta combinação perfeita criada pelos realizadores portugueses de um mundo fílmico diferente, muitas vezes quase espiritual e expressivo.