O Festival decorre de 5 a 19 de novembro com a exibição de 162 filmes entre o Teatro Académico de Gil Vicente, a Casa do Cinema de Coimbra, Auditório Salgado Zenha e o Convento de São Francisco.
Selecção Ensaios
A Seleção Ensaios debruça-se, como é seu apanágio, no que de melhor se fez em contexto académico no último ano.
Será curioso observar a crescente preocupação dos estudantes de cinema por temas abertamente políticos, como o crescimento da nova extrema-direita ou as alterações climáticas e as suas consequências potencialmente catastróficas.
O contexto de produção dos filmes apresentados nesta Seleção, devido às contingências dos últimos dois anos, é também um motivo de especial interesse: constata-se que os jovens autores, sejam nacionais ou internacionais, encontraram soluções equilibradas e esteticamente interessantes, absorvendo as dificuldades em novas soluções narrativas, em novas ideias de Cinema.
Nota também para a presença, pela primeira vez, de três filmes realizados por estudantes de Coimbra, consequência do crescimento da atividade cinematográfica, a todos os níveis, na cidade. Numa altura em que os jovens reclamam mais presença no locais de decisão, a Seleção Ensaios é uma boa oportunidade para ouvir a sua voz.
Esta sexta-feira, dia 20 de novembro, propomos-lhe que, na impossibilidade de dar a volta a mundo, dê a volta à estátua de Fernão de Magalhães, tendo por companhia o filme “Entrada Proibida a Pessoas Estranhas aos Navios” (André Torres). Sugerimos-lhe que conheça também o relato de um jovem de 19 anos que reflete sobre o seu passado num campo de refugiados na Grécia, em “Por Detrás de um Rosto” (José Rocha Pinto).
“O Cordeiro de Deus” (David Pinheiro Vicente) é o filme que encerra a nossa lista de destaques, com um retrato sensual, violento e de profunda devoção religiosa de uma família humilde.
Esta quarta-feira, dia 18 de novembro, sugerimos-lhe que, a partir de “Sétima Asa” (Débora Gonçalves), reflita sobre o significado da sétima arte como meio de os mais novos sonharem e criarem. Propomos-lhe ainda que viaje até ao Estuário do Sado, à boleia de “O mar já não pára aqui“. Pedro Augusto Almeida, autor da película, vai marcar presença na sessão da Seleção Outros Olhares (18h).
Esta segunda-feira, dia 16 de novembro, sugerimos-lhe que conheça “Nestor” (João Gonzalez), personagem com comportamentos obsessivo-compulsivos que tem um barco oscilante por casa. Propomos-lhe, igualmente, que descubra o que é que o Sr. Jaime de “MNEMOSYNE” (João Duque) recebeu pelo seu 63.º aniversário e que viaje até à capital lusa à boleia de “Silêncio: Vozes de Lisboa” (Judit Kalmár e Céline Coste Carlisle).
Este domingo, dia 15 de novembro, propomos-lhe uma tríade de reflexões relacionadas com a memória: a memória e a doença de Alzheimer, em “Mãos de Prata” (Catarina Gonçalves); as memórias do quotidiano captadas por câmaras de vigilância desprotegidas, em “Panopticon” (João Pedro Mateus); e uma memória quase em forma de tributo à vida de Cesina Bermudes, a obstetra anti-Estado Novo que introduziu os partos indolor em Portugal, em “Parto Sem Dor” (Maria Mire).
“Celebrar os criadores do amanhã” é o mote da Seleção Ensaios, uma das três secções competitivas do Festival Caminhos do Cinema Português. Esta mostra em particular é dedicada aos filmes produzidos em contexto académico ou de formação técnico-profissional. Noutras palavras, as janelas de exibição da Seleção Ensaios abrem espaço às produções de Escolas de Cinema, Audiovisual e Multimédia, tanto do Ensino Secundário quanto do Ensino Superior.
À boleia da diversidade de géneros, estilos e contextos que, a cada ano, marcam a sétima arte nacional, os Caminhos regressam a Coimbra, entre 9 de novembro e 5 de dezembro, para provar que há cinema português para todos. Com a exibição de quase centena e meia de filmes, as secções competitivas do Festival Caminhos do Cinema Português arrancam já na próxima semana e trazem consigo estreias nacionais e um candidato a representar Portugal nos Óscares.
O nosso Festival segue o mote de ser uma montra de todo o cinema português, não podendo ser ignoradas as obras produzidas no seio das academias e escolas. Existe uma torrente anual constante de estudantes com vontade de criar ou, muitas das vezes, realizadores que voltam ao mundo académico para adquirir ou renovar novas competências no domínio da linguagem cinematográfica. Começa a ser muito ténue a linha que desarticula aquilo que consideramos cinema produzido em contexto profissional do que é produzido em contexto académico, mas sabemos que aquilo que os une é, sem dúvida, uma qualidade e originalidade surpreendentes.