“Touch” de Rachel Anciaux, “My body” de Sandralee Zinzen, “Flora” de Chaerin Im e “Inside Me” de Maria Trigo Teixeira foram as animações que abriram a sessão. Os filmes exploram questões íntimas como a sobrecarga emocional, a imposição de padrões estéticos, a sexualidade e o aborto.
“Teus Braços, Minhas Ondas” narra a história de um casal fragilizado pela dificuldade económica. Premiada com menção honrosa no FEST 2019, Débora Gonçalves baseou-se na realidade dos anos da crise europeia para escrever a história. A realizadora falou sobre a vontade de expor um estado de instabilidade sem que o dinheiro fosse a personagem principal. “Quis mostrar como o amor entre duas pessoas consegue sobreviver quando tudo a nossa volta é quase nada”, relatou.
“Quem me dera em vez de uma câmera ter uma mosca” de Cláudia Craveiro Santos, uma visão alternativa sobre o cinema, e “Verniz” de Clara Jost, uma viagem de autocarro sem protagonista, foram as outras produções nacionais em destaque. A fechar as projecções, “Solitaire” de Elena Brodach, “Therese” de Fabiana Serpa e “Dark Hearts” de Maria Neheimer apresentaram ainda as temáticas da maternidade e da emancipação feminina.
Luiza Abi Saab, doutoranda em arte contemporânea, mediou a conversa após as exibições e falou da importância de haver uma sessão com filmes realizados exclusivamente por mulheres. “Nos filmes populares, apenas 4% têm mulheres como realizadoras”, referiu. Questionada acerca das diferenças entre projetos femininos e masculinos, disse não atribuí-las puramente ao género, mas acreditar que as desigualdades salariais, por exemplo, influenciam a produção artística.
Débora lamentou a falta de realizadoras dentro das grandes produtoras de cinema em Portugal. Também destacou a questão económica ao verificar que maior parte dos filmes de realização feminina são documentais, mais baratos em relação aos fictícios. “Nós, mulheres, somos forçadas a trabalhar de maneira diferente”, disse ao constatar que, inspirados, homens e mulheres empenham-se nos seus objetivos, mas “a forma como todo o resto se processa vai minando o trabalho”.
Analú Bailosa
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