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Destaques Gerais

Nesta edição trazemos para grande tela e para a experiência imersiva cinematográfica reconhecidos autores como Pedro Costa (“Vitalina Varela”), Teresa Villaverede (“Où en êtes-vous, Teresa Villaverde?”), Susana de Sousa Dias (“Fordlandia Malaise”) ou mesmo a nova estreia de Tiago Guedes (“Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”). Destaque ainda para uma novíssima vaga de realizadores como Sofia Bost (“Dia de Festa”) e Carlos Conceição (“Serpentário”), que marcam uma nova linguagem da abordagem do íntimo e do biográfico.

Num género de homenagem às primeiras experiências cinematográficas, que roçavam deliciosamente entre o riso e o horror, teremos “Mutant Blast” (Fernando Alle) no “Turno da Noite”, pelas 23:59 no dia 23 de Novembro no Mini-Auditório Salgado Zenha.

Referência ainda para a já habitual sessão de temática Queer, que contará com “Golpe de Sol” de Vicente Alves do Ó e curtas-metragem LGBTQ (Alexandre Siqueira na animação e Artur Serra Araújo na ficção), que decorrerá sexta-feira, dia 29, pelas 21h45 no TAGV.

A avaliar os filmes seleccionados estão seis equipas de júri. Na Selecção Caminhos participam as actrizes Carla Vasconcelos e Lucinda Loureiro, o encenador João Telmo, o realizador Paulo Carneiro, vencedor do Prémio de Imprensa CISION na edição transacta, e Hugo Van Der Ding, cartoonista, ator e apresentador de rádio-televisão.

Este júri tem a complicada missão de decidir quem são os principais intervenientes técnicos e artísticos do Cinema Português, bem como os prémios Revelação, Animação, Documentário ‘Universidade de Coimbra’, Ficção ‘ Ford / Gesmo’, Melhor Curta-Metragem e ainda o Grande Prémio do Festival. A Selecção Caminhos é avaliada ainda pelos Júri da Federação Internacional de Cineclubes e de Imprensa CISION. Há ainda espaço para o Prémio do Público ‘Chama Amarela’ reforçando os laços entre espectadores e criadores, algo que só um festival de cinema pode oferecer de forma intensa como acontece nos Caminhos.

Olhando ao futuro e a outras formas do cinema nacional, constituíram-se o Júri Ensaios, constituído por Catarina Neves Ricci, realizadora, Pedro Ribeiro, montador, e Tiago Afonso, realizador, decidindo o Melhor Ensaio Nacional e o Melhor Ensaio Internacional; e o Júri Outros Olhares, constituído por António Pedro Pita, investigador, Cristina Janicas, professora, e Rita Alcaire, documentarista, que decidirão quem será o primeiro vencedor do Prémio Outros Olhares.

O destaque principal desta edição vai para a atribuição do Prémio Ethos. Retoma-se a atribuição de um prémio carreira, Ardenter Imagine, olhando-se ao contributo para a criação de novos caminhos da nossa cinematografia.

Isabel Ruth é uma figura incontornável do cinema português. Encarna o acto ou a faculdade de ver e dá um olhar especular e auto-reflexivo ao cinema português. As múltiplas personagens que atravessam e são constitutivas da história do cinema português devolvem-nos a tessitura das suas formas narrativas, estéticas e dramatúrgicas. Isabel Ruth contribuiu decisivamente não só para criar um corpo de cinema, como também para afirmar as potências do corpo no cinema.

É homenageada hoje às 21h45 no Teatro Académico de Gil Vicente, após o Momento Verdes Anos. O tema “Verdes Anos” (Carlos Paredes) será interpretado por um guitarrista tradicional de Coimbra e, em seguida, Stereossauro apresenta a sua versão contemporânea com um remix. A unir este passado com o presente e futuro, será realizada uma performance por bailarinas do grupo Flic Flac que introduzirão cumulativamente elementos de dança clássica e contemporânea.

Na sala branca do TAGV estará patente uma exposição com o percurso da actriz, estando patente até ao término do festival.

E porque o festival Caminhos tem sido um ponto de encontro entre os principais intervenientes da cena cinematográfica contemporânea, programaram-se, entre os dias 22 e 30, festas temáticas em torno do cinema no Odd (Aquibasetango) e no CITAC (Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra).

O festival Caminhos do Cinema Português tem crescido ao longo da última década tanto em audiência, taxa média de variação de 5%, que atingiu os 9934 espectadores. Na sua edição actual apresenta 87 horas e 26 minutos de programação em 177 obras seleccionadas de um universo de 739 (24% aceitação). A cinematografia nacional mostra-se mais uma vez dinâmica tendo-se aplicado à selecção 317 filmes, estando seleccionados 114 (36% aceitação) nas 3 Secções Competitivas.

Atrás destes números o festival acaba por representar uma indústria cinematográfica nacional além das estatísticas nacionais. 1912 metragens nacionais foram inscritas entre 2007 e 2018. A expressão da produção pouco cresceu ao longo de uma década, 0,20% de TMV, sendo notória a precariedade que assombra a produção nacional com os registos a oscilar entre os 280 e os 142 filmes recebidos por edição, isto sem considerar o reflexo das políticas públicas de apoio ao setor no ano de 2012, o ano zero.

Em 2019 demonstramos a resiliência, criando pontes nacionais e internacionais, para continuarmos a ser o único festival dedicado à cinematografia nacional. Apesar da franca falta de apoios, principalmente por parte de entidades públicas e privadas de Coimbra, continuamos anualmente a tornar esta cidade na principal capital da celebração e exibição do cinema nacional.

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