Ainda que evitando uma abordagem política, todos podem reconhecer uma vasta e rica personalidade na cultura espanhola, desde Madrid à Galiza, na Catalunha, ou no País Basco e Andaluzia. Cada região tem as suas próprias idiossincrasias e ultimamente, na Catalunha, tem emergido um grande movimento popular que está a dar passos no que concerne à sua separação do Estado Espanhol. A emergência deste movimento deve-se a inúmeros fatores; a crise, a política, desavenças económicas e sociais entre o governo catalão e o governo central espanhol, etc., e no entanto tem vindo a redescobrir contextos históricos, culturais e linguísticos que hoje, mais do que nunca, se entranham nos discursos alheios.
É por isso que, neste instante, é mais interessante do que nunca envolvermo-nos na cultura e na arte da Catalunha. E para isso, não há nada melhor do que o cinema. O que propomos é um programa que inclua cinco longas-metragens (um documentário, um docu-ficção e três ficções) e quatro curtas-metragens, todas elas diferentes entre si, e simultaneamente todas elas uma boa representação do que é esta cultura. Alguns destes filmes falam de questões sociais: La Granja del Pas é um documentário marcante sobre famílias desalojadas; Nada S.A. e El corredor, curtas-metragens, são comédias mordazes sobre o desemprego; La plaga, entre a realidade e a ficção, retrata uma pequena comunidade dos subúrbios de Barcelona. Os outros filmes do programa ilustram outros temas, dramas que podem vir a ser tão universais como os de Shakespeare: Otel·lo traz-nos o autor inglês aos dias de hoje, dando à tragédia um toque de exuberância; Tots volem el millor per a ella e El camí més llarg per tornar a casa são ambos excelentes exemplos de uma análise minuciosa sobre a dor, causada por uma doença ou por uma perda irreparável. Finalmente, as curtas-metragens No me quites e El adiós são episódios íntimos mas ainda assim de alguma transcendentalidade, na vida de duas mulheres vigorosas.