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Resiliência, Resistência e Irreverência: 25 anos celebrados com a relevante carreira de Isabel Ruth

Começou esta sexta-feira, dia 22 de novembro, a vigésima quinta edição do Festival Caminhos do Cinema Português. O Teatro Académico Gil Vicente (TAGV) recebeu a cerimónia de abertura onde foi entregue o prémio Ethos em homenagem a Isabel Ruth.

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O evento, apresentado pelo ator João Telmo, deu a conhecer as três seleções a concurso (Caminhos, Ensaios e Outros Olhares) que receberão vinte e oito prémios artísticos e técnicos. Representantes do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), a vice-presidente Maria Mineiro, da Direção Regional da Cultura do Centro, a delegada regional Suzana Menezes, e da Reitoria da Universidade de Coimbra, o Vice-Reitor para a Cultura e Ciência Aberta, Delfim Leão, e da organização do Caminhos, tiveram oportunidade de intervir na parte inicial da cerimónia. De entre os vários elogios ao cinema do nosso país, ficou vincado o desejo de descentralização da cultura. O Festival Caminhos do Cinema Português constitui, na voz dos representantes, “um verdadeiro palco para a cinematografia portuguesa” e desempenha um papel fundamental na “capacidade de resistência de uma boa oferta cultural na cidade”.

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O Instituto do Cinema e Audiovisual, A Direção Regional de Cultura e a Universidade de Coimbra participaram na abertura da 25.ª edição do festival.

A direção do festival, na voz de Tiago Santos e João Pais, agradeceu as ajudas dadas ao festival e que tornam a sua realização possível, nomeadamente os patrocinadores. No entanto, não esqueceram de referir “a falta de apoio da região” e de entidades como a Câmara Municipal de Coimbra.

O prémio Ethos, atribuído de cinco em cinco edições, premiou Isabel Ruth nesta edição das bodas de prata do festival. Este reconhecimento visa enaltecer uma figura de mérito da cinematografia portuguesa. De salientar, que, no momento da entrega do prémio, foram muitas as pessoas, no meio do forte aplauso, a levantaram-se das suas cadeiras para congratular a atriz.

Num auditório com mais de duas centenas de pessoas, o momento “Verdes Anos”, que pretendia homenagear a brilhante carreira de Isabel Ruth, contou com a atuação do Dj Stereossauro. A performance não esqueceu a guitarra portuguesa e a dança. É daqui que surge o momento alto da noite, após ver e ouvir esta atuação, a premiada subiu ao palco para receber o galardão. Surpreendentemente, influenciada pelos acordes musicais pediu o regresso de Stereossauro ao palco para tocar novamente o seu ritmo eletrónico. Assim que começa, a atriz recordou o seu passado de dançarina, levando ao delírio os presentes.

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O grupo flic flac dançou os verdes anos de hoje e de ontem

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Figura incontornável do cinema português, Isabel Ruth agradeceu o prémio e referiu que trabalha todos os dias, “para continuar a ser feliz”. A premiada contribuiu decisivamente não só para criar um corpo de cinema, como também para afirmar as potências do corpo no cinema. É um dos maiores exemplos de um olhar autorreflexivo do nosso cinema. Os nossos parabéns a Isabel Ruth.

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E se é de cinema que se fazem os Caminhos, não podiam ter faltado cinco filmes a inaugurar as três secções competitivas. “Horizonte Artificial”, produzido ao longo da 9ª edição do curso de Cinematologia, contou a história de Álvaro Cordeiro, escritor fracassado que luta contra um bloqueio criativo que o impede de escrever um livro. As dificuldades financeiras fazem-no aceitar escrever uma grande novela a convite de Leonel Carraça, sem acreditar se teria capacidades. De seguida, “Les Extraordinaires Mésaventures de La Jeune Fille de Pierre”, de Gabriel Abrantes, mostrou aos espectadores, a fuga de uma estátua do Museu do Louvre, que cansada de ser um ornamento arquitetónico banal, confronta-se com a vida real das ruas da cidade de Paris.

Em terceiro lugar, foi exibida “Projecção” de René Alan conta a história de um projecionista que prepara um filme para exibição e, entretanto, acorda uma menina. Esta, por causa do barulho, ao espreitar por uma fechadura, leva-nos a ser transportados para um outro lugar. De seguida, “Em Caso de Fogo” e com a sala atenta, exibiu-se uma história de Tomás Paula Marques que acontece perante uma paisagem do Ribatejo ardida. A realização acontece à volta de Chico, um rapaz que vive assombrado pelo homicídio encapotado de um colega com quem este envolvido.

A fechar a sessão, “Chopper” de Giorgos Kapsanakis, presenteou os espectadores com a história de Angie, uma rapariga que se recusa deixar o avô ir para uma casa de idosos, para viver os seus últimos dias. Quando chega a hora, ela tranca-se no quarto com ele e faz a sua última declaração de amor.   

Artigo de Francisco Grácio e Paulo Cardoso
Fotografias de João Duque, Rui Murka e Samuel Costa Cordeiro

 

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