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Crónica do Festival – Parte V

Já o alemão Wim Wenders, com a sequência inicial de “O Estado das Coisas”, deu a conhecer ao mundo o potencial pós-apocalíptico das paisagens arcaicas portuguesas. Infelizmente, muitos autores nacionais contemporâneos não têm dado seguimento a tal exploração visual, talvez por falta de interesse em projetos de ficção pós-apocalíptica. “Serpentário“, estreia auspiciosa de Carlos Conceição no formato longa-metragem, aparenta ser uma emocionante excepção à regra, dada a sua notabilidade na última edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim ao angariar comparações a nomes de culto como Konstantin Lopushansky, Nikos Nikolaidis ou Apichatpong Weerasethakul, assim como alguns mais sonantes como Michelangelo Antonioni ou Jean-Luc Godard.

 

 

Da Berlinale para os Caminhos, esta odisseia por uma Angola devastada em jeito de ensaio auto-biográfico do próprio argumentista/realizador pode não ter epopeias a laser entre alienígenas e couraçados metálicos no espaço, mas promete um teor emocional tão vasto como o de uma galáxia distante. Receberia o louvor de figurar no horário nobre das 21:45 no TAGV, acompanhado de “Invisível Herói“, curta-metragem de ficção assinada por Cristèle Alves Meira, igualmente notável por ter sido selecionada para a Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes. A única exibição de Serpentário, de Carlos Conceição, acabaria por se realizar a 25 de Novembro nos Cinemas NOS do Alma Shopping.

Pedro Nora

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