Todos os anos nos são apresentados novos tipos de desafios aquando da selecção e programação do cinema criado no nosso país. Mesmo recebendo apenas aquelas obras que foram produzidas depois da nossa última edição, vemos que anualmente o fluxo de inscrições tem sido constante e muito diverso.
Apesar de acreditarmos que nem tudo o que se mexe em ecrã deva ser considerado cinema, todas as inscrições são colocadas ao mesmo nível de análise, desprendendo-nos de critérios formais (como o autor ou a produtora) e ansiando pela criação de momentos cinematográficos em sala. Esses momentos vêm de fora para dentro, pois tudo dentro de nós é movimento que – devidamente inspirado – nos leva a escapar os limites físicos desta realidade, criando o filme uma nova forma de existir que, como é interior, é só nossa.
A vida é um género de orquestra de movimentos, formas e ritmos que podem ser captados pelas imagens que ganham vida através da nossa córnea. A marca simbólica de que o cinema é uma experiência individual é-nos mostrado pela sala escura, que nos leva a uma concentração profunda nessa viagem solitária acompanhada, com o nosso olhar fixo na única fonte de luz da sala, soltando-nos do banco e pulando directamente para a realidade que o filme nos apresenta, como que nos metamorfoseando na própria câmara.
Essa experiência tem sido apresentada aos nossos espectadores anualmente, sendo enriquecida por aquela vontade invisível do fazer diferente que caracteriza o cinema português desde os tempos do Novo Cinema. Há nas obras portuguesas essa mostra de que o tempo e o espaço deixam de ser contínuos e que podemos viver uma vida fictícia (ou real, mas que nos pertence apenas por instantes) independentemente do período que retrata e afastando-se assim da clássica fotografia.
Este ano podemos afirmar existir uma mudança no contexto da selecção. Percebemos que alguns filmes (talvez poucos) já têm uma máquina de divulgação montada, com toda uma distribuição e comercialização devidamente edificadas que anualmente as produtoras mais têm investido. Desta feita, querendo ser os Caminhos uma montra de todo o cinema português – e não uma reposição ou amostra de filmes – tentamos mostrar também aquelas obras que graças à sua qualidade merecem ser mostradas em grande tela, mas que por uma razão ou por outra não conseguiram o espaço necessário para a sua distribuição e mostra merecidas. Muitos jornais e meios de comunicação de crítica cinematográfica acabam por ficar centrados naquilo que já tem distribuição, que já é conhecido, que o espectador já viu. Queremos levar o máximo número de pessoas a ver cinema nacional, mas existem efectivamente casos que recusam essa nossa ajuda.
Nesta XXII Edição, vamos ter uma Selecção Caminhos com uma série de filmes que terão a sua primeira projecção em território nacional nas nossas sessões, dando possibilidade ao espectador comum (aquela que já vai ao cinema) de encontrar todos os dias novas obras, novos realizadores, novos artistas.
Entre correspondências, fugas e guerras, o espectador desta edição irá encontrar aquele alento que anualmente tentamos exaltar nesta Selecção, fazendo com que todas as pessoas encontrem a sua identificação para essa viagem cinematográfica que propomos em cada uma das edições deste festival.
Por isso, em nome de toda a Organização da XXII Edição dos Caminhos do Cinema Português, convidamos todos a participarem nesta festa do cinema nacional. Neste evento que divulga e celebra a cultura cinematográfica portuguesa e todos os seus participantes e dinamizadores culturais.
Venha conhecer todo o nosso cinema, de 19 a 26 de Novembro!
Programação Seleção Caminhos
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
19 de Novembro, 21h45
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Banho de Paragem* | Nuno Rocha (coord.) | Caminhos | 13’59” |
#Lingo* | Vicente Niro | MIA / IPCA | 10’30” |
Refrigerantes e Canções de Amor | Luís Galvão Teles | Fado Filmes | 96′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
20 de Novembro, 15h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Senhor Jaime | Claúdio Sá | 8′ | |
Brother | André Marques | 16′ | |
Feitos e Ditos de Nasreddin II | Pierre-Marie Goulet | 30′ | |
A Um Mar de Distância | Pedro Magano | Pixbee | 54′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
20 de Novembro, 17h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Já Vais | Julio Hey | 5′ | |
Landing | Filipe Martins | 16′ | |
Eldorado | Rui Eduardo Abreu, Thierry Besseling e Loïc Tanson | 84′ |
Mastersession:
A Dança e o Cinema
Teatro Académico de Gil Vicente
20 de Novembro, 21h45
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Estilhaços | José Miguel Ribeiro | 18′ | |
Os Cravos e a Rocha | Luísa Sequeira | 16′ | |
Cartas de Guerra | Ivo M. Ferreira | O Som e a Fúria | 105′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
21 de Novembro, 17h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Noiva | Bernando Gomes de Almeida | 7′ | |
Menina | Simão Cayatte | 15′ | |
Longe | José Oliveira | 36′ | |
Jogo de Damas | Patrícia Sequeira | 87′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
21 de Novembro, 21h45
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Chatear-me-ia morrer tão joveeeeem… | Filipe Abranches | 16′ | |
Penumbria | Eduardo Brito | 9′ | |
Zootrópio | Tiago Rosa-Rosso | Real Ficção | 16′ |
John From | João Nicolau | O Som e a Fúria | 100′ |
Mastersession:
Fotografia e Cinema
Teatro Académico de Gil Vicente
22 de Novembro, 17h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Rochas e Minerais | Miguel Tavares | 10′ | |
Way | Pedro Carmo | 15′ | |
Uma Vida à Espera | Sérgio Graciano | 93′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
22 de Novembro, 21h45
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Fim de Linha | Paulo D’Alva e António Pinto | 14′ | |
Pedro | André Santos e Marco Leão | 20′ | |
Zeus | Paulo Filipe Monteiro | 93′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
23 de Novembro, 17h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Uma Breve História da Princesa X | Gabriel Abrantes | 7′ | |
O Pecado de Quem nos Ama | Vasco Oliveira | 31′ | |
Cruzeiro Seixas – As Cartas do Rei Artur | Cláudia Rita Oliveira | Jumpcut | 85′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
23 de Novembro, 21h45
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Ascensão | Pedro Peralta | Terratreme | 18′ |
Campo de Víboras | Cristèle Alves Meira | 20′ | |
Ornamento e Crime | Rodrigo Areias | Bando à Parte | 90′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
24 de Novembro, 17h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Tom | Filipa Ruiz | 1′ | |
O Nome Dela | Pedro Lino | 19′ | |
Excursões | Denis Côte | 23′ | |
Como me apaixonei por Eva Ras | André Gil Mata | 74′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
24 de Novembro, 21h45
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Macabre | Jerónimo Rocha e João Miguel Real | 20′ | |
Por Diabos | Carlos Amaral | 11′ | |
Gelo | Luís Galvão Teles & Gonçalo Galvão Teles | Fado Filmes | 105′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
25 de Novembro, 17h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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A Casa ou Máquina de habitar | Catarina Romano | 12′ | |
Vícios para uma Família Feliz | Tiago R. Santos | 15′ | |
Los Barcos | Dominga Sotomayor | 10′ | |
Visita ou Memórias e Confissões* | Manoel de Oliveira | 73′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
25 de Novembro, 21h45
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Confidente | Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes | 13′ | |
Setembro | Leonor Noivo | 37′ | |
O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu | João Botelho | 80′ |
Mastersession:
Argumento e Cinema
Teatro Académico de Gil Vicente
26 de Novembro, 15h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Sendas | Raquel Felgueiras | Filmógrafo | 5′ |
Prefiro Não Dizer | Pedro Augusto Almeida | 10′ | |
Retratos a Preto e Branco | Rui Simões | 27′ | |
Caboverdeanamente | João Sodré | Fado Filmes & Ukbar Filmes | 50′ |
Teatro Académico de Gil Vicente
26 de Novembro, 17h00
Título | Realizador | Produtora | Duração |
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Balada de um Batráquio | Leonor Teles | 11′ | |
Correspondências | Rita Azevedo Gomes | C.R.I.M. | 125′ |
* fora de competição / out of competition
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