Boas festas

Há uma década apresentávamos uma secção competitiva e a produção anual nacional era reduzida face aos números expressos actualmente, 250 propostas portuguesas em 2009 versus 316 em 2019. Essa maior produção resultou numa maior exigência para connosco, na programação, obrigando-nos a tomar escolhas cada vez mais criteriosas indo ao encontro de um leque representativo da diversidade do cinema nacional. 

Se há 10 anos operávamos exclusivamente sob o signo “cinema português”, hoje, com o cinema internacional como objecto comparativo do cinema académico, assumimos uma programação mais diversa e completa com as três secções competitivas do festival: Caminhos, Ensaios e Outros Olhares. O resultado é uma maior visibilidade da produção nacional, num total programado superior a 5200 minutos, privilegiando o cinema de cariz autoral, de curta-metragem, documental e animação num espaço em que a longa-metragem de ficção continua a reunir o consenso do público. Nesta década conseguimos estabilizar as nossas audiências médias nos 7400 espectadores. Neste conjunto é importante referir o trabalho de aproximação da arte cinematográfica nacional com os públicos infanto-juvenis, bem como com a população sénior, promovendo além do lúdico: o cinema como uma ferramenta pedagógica e a literacia fílmica. 

A formação de públicos fez-se também pela promoção de oficinas, cursos, seminários e exposições. Após 9 edições o curso cinemalogia prepara-se para ser retomado no ano lectivo de 2020/21. Procuramos melhorar a oferta indo ao encontro da generalidade das expectativas que mais de um milhar de alunos nos mostraram ao início e no término das suas experiências. O simpósio “Fusões no Cinema” em estreita relação com a Universidade Aberta em breve lançará call for papers numa edição que atravessará o atlântico. Por último cremos que a viagem das “master sessions” da generalidade de uma mesa-redonda para a perspectiva pessoal d’O Meu Cinema’ veio reforçar o os laços de proximidade entre público e criadores. 

Expor é dar ao público a capacidade de se confrontar criticamente com escolhas. A importante parceria criada com a Galeria V, deu-nos frutos muito interessantes que em suma se resumem à representação da ideia que há “cinema português para todos”. O Ethos do Cinema Português que atribuímos a Isabel Ruth resultou numa exposição na Sala Branca com fotos de Alípio Padilha e instalação vídeo na evocação do papel central que a atriz tem na história do cinema nacional.  Resultaram ainda duas exposições que espelham esse mote do festival. 25 edições, 25 ilustrações, espelha o impacto do cinema nacional junto da comunidade artística evocando-se também a sua história. A terceira exposição propôs-se a mostrar os cartazes em competição para o prémio Melhor Cartaz dos filmes da Selecção Caminhos.

Esta edição foi atípica na medida em que não apresentou as mesmas actividade paralelas, mas também nos mostrou outras oportunidades. Consolidam-se os públicos, fortalece-se a relação com o cinema nacional, mostrando uma programação cada vez mais exigente, onde apenas 24% das propostas teve lugar nas escolhas finais. 

O balanço leva-nos a persistir e olhar já para a XXVI edição, a realizar de 20 a 28 de Novembro de 2020. O call for movies abre a 1 de janeiro e terminará a 31 de Julho. Inscrições em www.filmfreeway.com/caminhos, com o regulamento do festival expresso em www.caminhos.info/regulamento

Boas festas e até para o ano. 

 

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