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A Literatura no Cinema

Virgílio Ferreira, ao contrário daquilo que era defendido por Ingmar Bergman, considerava que o Filme poderia ser um meio de projecção das ideias literárias de um escritor. Do livro ao filme, pouco se perde quanto ao conceito que fundamenta a Obra, mudando apenas o seu formato e meio para apreensão do leitor-espectador.

Consideramos que o que une a Literatura ao Cinema é a participação activa daquele que lê e que assiste ao filme. Seja transformar palavras em quadros imagético-imaginários pela mente do leitor, ou a transformação de imagem fixa em movimento pelo cérebro do espectador, há uma necessidade premente da mente daquele que se submete à recepção da Obra.

Mais que um meio de comunicação de texto, através do argumento por exemplo, o Filme que se baseia no Livro é uma oportunidade de mudança de perspectiva. O que o Filme consegue fornecer, é a capacidade de ver com olhos abertos a forma como o Realizador montou mentalmente o texto que leu e assim o explorou. Na prática, o que o Realizador faz é desviar o olhar do leitor convencional, que olha para baixo, levando-o a erguer os olhos para a tela, ouvindo e vendo o esqueleto narrativo deixado pelo Escritor, enriquecido com elementos técnicos e estéticos cinematográficos para uma apreensão do cerne argumentativo.

Começa quinta-feira dia 12 de Outubro às 22h00 no Mini-Auditório Salgado Zenha da AAC, com a estreia em Coimbra do filme Comboio de Sal e Açúcar de Licínio Azevedo, realizador e escritor que adapta a sua própria obra literária ao cinema. Depois iremos viajar até à literatura francesa com Albert Camus, autor que alguns classificam como um apaixonado pela existência, cuja obra adaptada Longe dos homens tem banda sonora original composta por Nick Cave e Warren Ellis.

O Ciclo que terá lugar todas as quintas-feiras de 12 de Outubro a 9 de Novembro, incluirá também obras adaptadas ao cinema de Luiz Ruffato, Fernando Pessoa e José Saramago. Além disso, terá uma sessão especial para o dia das bruxas, dia 31 de Outubro à 00h00, com A Instalação do Medo de Ricardo Leite e o filme protagonizado por Nuno Melo, O Barão de Edgar Pêra que explora a obra de Branquinho da Fonseca num registo que ressuscita o expressionismo alemão dos anos 1920.

Neste ciclo, pretende-se que o típico espectador seja arrastado para o mundo da Literatura, deixando-lhe a semente da curiosidade literária, ao mesmo tempo que aproximamos os apaixonados pelos clássicos a uma nova forma de ver o texto em movimento. Viajando pelo mundo criativo de diversos autores, o espectador terá a oportunidade de ver o Texto e o Escritor em tela, deixando-se marcar pela capacidade criativa num sentido duplo: da Escrita e da Realização. É a oportunidade de juntar leitores e cinéfilos, ambos com o desejo de assimilação da arte pela sua contribuição activa: sem leitor, o escrito não ganha vida; sem espectador, a tela apresenta meras imagens sem movimento.

A entrada é livre.

Programação

12 de Outubro – 22h00
Comboio de Sal e Açúcar de Licínio Azevedo

19 de Outubro – 22h00
Longe dos homens de David Oelhoffen

26 de Outubro – 22h00
Estive em Lisboa e Lembrei de Você de José Barahona

31 de Outubro – 00h00
A Instalação do Medo de Ricardo Leite

O Barão de Edgar Pêra

2 de Novembro – 22h00
Filme do Desassossego de João Botelho

Esta sessão contará com os comentários de Manuel Portela, António Apolinário Lourenço e Bruno Fontes.

9 de Novembro – 22h00
Ensaio sobre a Cegueira de Fernando Meirelles

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