No dia 18 de Novembro de 2023 foram conhecidos, na Antiga Igreja do Convento de São Francisco, os vencedores da XXIX edição dos Caminhos do Cinema Português.
Prémios do Júri Outros Olhares
O Júri da Seleção Outros Olhares da XXIX edição foi constituído por Álvaro Romão, Carlos Natálio e Patrícia Sequeira Brás.
Menção Honrosa do Júri Outros Olhares
“Onde está o Pessoa?“, de Leonor Areal
“Como num passe de mágica, o filme nascido no início do século passado passa pelo buraco da minhoca e aterra na sala de montagem, hoje, onde o olhar atento da realizadora perscruta, como num filme policial, tudo o que as imagens têm para nos contar. Pela transformação de um filme de atualidades com mais de cem anos num moderno policial, o júri da secção Outros Olhares, da 29ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português, decidiu atribuir uma Menção Honrosa ao filme “Onde Está o Pessoa?” de Leonor Areal.”
“Exotic Words Drifted”, de Sandro Aguilar
“À beira da palavra, jaz o silêncio, a hesitação. Do outro lado da cor, moram os brilhos, a cinza, o preto e branco. Este é um filme que se instala do outro lado do espelho e que nos conduz o olhar pelo reverso, tenso e enigmático, do cinema clássico. Tudo flutua, expectante, à espera de acontecer, inaugurando uma nova ordem, como uma relação tensa entre o dia e a noite, entre o negativo e o positivo do fantasma de uma película cinematográfica. O júri da secção “Outros Olhares” da 29ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português decidiu atribuir o seu prémio ao filme “Exotic Words Drifted” de Sandro Aguilar.”
Prémios do Júri Universitário
O Júri Universitário da XXIX edição foi constituído por Bruno Oliveira, Sofia Martins e José Pedro Keating.
Menção Honrosa do Júri Universitário
“Défilement“, de Francisca Daniela Silva Miranda
Pela forma como consegue criar uma narrativa a partir de arquivo fotográfico pessoal; Pela eficácia de uma execução simples; Pela originalidade que conseguiu trazer a um tema familiar a todos; pela qualidade da música e do texto, e o caminho que nos levam a percorrer; pela profundidade, intimidade e humanidade pela qual o espectador se vê, inesperadamente, rodeado.
Prémio Universidade de Coimbra para Melhor Ensaio
“Daydreaming So Vividly About Our Spanish Holidays”, de Christian Avilés
Pela reflexão que consegue fazer partindo de um tema aparentemente simples; pelo retrato que nos dá da relação do Homem com a natureza, espelhada na debilidade orgânica daqueles que não têm o sol à sua disposição; pela mestria da técnica e o uso da cor e da luz; pela forma como descreve a ténue linha entre decidir e não decidir, e os meandros da decisão de se entregar ao desconhecido; pela forma como dá um testemunho de um jovem adulto que se depara, não apenas com a possibilidade, mas com a necessidade de uma queimadura por se ver demasiado perto do sol.
Prémios do Júri Ensaios
O Júri Ensaios da XXIX edição foi constituído por Ana Sofia Fonseca, Luís Apolinário e Miguel Dores.
Melhor Ensaio Nacional e Animação
“Memórias de Pau-preto e Marfim“, de Inês Costa
“MEMÓRIAS DE PAU PRETO E MARFIM nasce da curiosidade sobre o passado colonial. Está curiosidade leva Inês Costa a embarcar na descoberta da vivência dos próprios avós. Recorrendo a entrevistas intimistas, o filme foca-se nos três actos da experiência dos muitos portugueses que partiram para África, crentes de que aquela terra era também Portugal. Sao estes: a transição de uma vida de pobreza para a prosperidade colonial; a irrupção da guerra; o indesejado retorno após as independências. O acervo material do colono (bibelôs, cartas, fotografias, documentos administrativos), trazido na bagagem do retorno, e que habita ainda os lares portugueses como um elefante na sala, é o ponto de partida para uma narrativa fresca e exploratória. A animação incorpora, nesta abordagem documental, o sentido preciso de dar vida. Neste caso, dar vida aos objetos inanimados dos seus avós retornados. É a partir desta cultura material que Inês se dedica à reativação de patrimónios familiares incómodos e fantasmáticos, sempre costurados entre os limites do documentado e as joviais asas da imaginação.”
Melhor Ensaio Nacional
Mum, de Siddhant Sarin
“Uma mise-en-scéne entre divisões estreitas e desarrumadas de uma casa posiciona o espetador de frente para o dia a dia de uma mãe mexicana numa família portuguesa. A partir desta personagem, Siddhant Sarin segue uma linha reflexiva entre as margens da observação e da direção, com paragem nas estações da desigualdade do trabalho reprodutivo, do isolamento urbano e da incerteza. O caminho sente-se triste e enclausurante, mas também repleto de afeto e força. Ao longo dele, pequenos rasgos de disrupção indiciam a exaustão desta mãe frente a um quotidiano de trabalho. Mum posiciona a câmara frente a conflitos estruturantes, sem uma cartilha ou um afã de completude. Fá-lo, antes de mais, seguindo um fluxo vivencial, e apontando ao de leve para diferentes sensações, num domínio da narrativa e da estética.”
Prémio FIPRESCI
O Júri FIPRESCI da XXIX edição foi constituído por Chiara Spagnoli Gabardi, Janet Baris e Rui Tendinha.
O Bêbado, de André Marques
“Este filme lança uma luz sobre um tema importante e representa-o numa perspetiva comovente e sensível. O realizador consegue transmitir o realismo social de uma forma portuguesa, abordando um crime humano universal.”
Prémios do Júri Caminhos
O Júri Caminhos da XXIX edição foi constituído por Cláudia Marques Santos, Daniel Ribas, João Vintém, Mónica Santos e Roberto Faustino.
Prémio Melhor Som
“O Pátio do Carrasco”, de André Gil Mata
Pelo impressionante impacto artístico que traz forte densidade dramática a cada segundo do filme, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Som a Rafael Cardoso, pelo filme “O Pátio do Carrasco”.
Prémio Melhor Realização
“2720”, de Basil da Cunha
Pela destreza simultaneamente técnica e plástica do olhar da câmara, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Realização a Basil da Cunha, pelo filme “2720”.
Prémio Melhor Montagem
“Vadio”, de Simão Cayatte
Pelas escolhas sensíveis e pelo rigor técnico-narrativo, fatores decisivos na fluência da história, o Júri Caminhos atribui o prémio de Melhor Montagem a Teresa Font, pelo filme “Vadio”.
Prémio Melhor Figurino
“Primeira Idade”, de Alexander David
Pela abundância sem limites da imaginação infantil, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Figurinos a Cátia Cartaxo, Alexander David, Pedro Vaz Simões e Joana Lages, pelo filme “A Primeira Idade”.
Prémio Melhor Fotografia
“BAAN”, de Leonor Teles
Pela graciosa decisão de filmar integralmente em 16mm, conferindo à obra uma textura nostálgica, e pelo engenhoso uso de técnicas arrojadas que prestam tributo a alguns ilustres do cinema asiático, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Fotografia a Leonor Teles, pelo filme “Baan”.
Prémio Melhor Direção Artística
“Não Sou Nada”, de Edgar Pêra
Um universo dentro de vários universos e um só local que se desdobra em vários. Pela criatividade e assertividade estética o Júri Caminhos atribui o prémio de melhor direção artística a Ricardo Preto, pelo filme “Não sou nada”.
Prémio Melhor Cartaz
“Cul-de-Sac”, de Mário Macedo & Vanja Vascarac
Por meio de um contraste simples, porém eficaz, entre uma cor primária e as personagens a preto e branco, o cartaz desta obra vai além da mera representação gráfica, espelhando o deslocamento das personagens no universo do filme. Por esta razão, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Cartaz a Igor Gonçalves e André Pinto, pelo filme “Cul-de-Sac”.
Prémio Melhor Caracterização
“Entre a Luz e o Nada”, de Joana de Sousa
Pelo retrato de uma geração que usa a caracterização não só como arma de visibilidade, mas também como elo de amizade, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Caracterização a Laura Gama Martins, pelo filme “Entre a Luz e o Nada”.
Prémio Melhor Banda Sonora
“De Imperio”, de Alessandro Novelli
Pela criação de uma banda sonora envolvente, desconcertante e dinâmica, que enriquece as qualidades inerentes ao filme ao incorporar um vasto universo de sons, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Banda Sonora Original a Simon Smith e Jonathan Darch, pela sua contribuição no filme “De Imperio”.
Prémio Melhor Argumento
“Cidade Rabat”, de Susana Nobre
Pela revelação sensível de um quotidiano banal e das suas ambivalências, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Argumento a Susana Nobre, pelo filme “Cidade Rabat”.
Prémio Melhor Interpretação Secundária
“Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins
Pela interpretação gutural, onde a plasticidade do corpo desempenha um papel central, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Interpretação Secundária a Romeu Runa, em “Great Yarmouth – Provisional Figures”.
Prémio Melhor Interpretação Principal
“Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins
Pela ferocidade, fragilidade e romantismo exasperado com que interpreta uma mulher imersa num quotidiano infernal, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Interpretação a Beatriz Batarda em “Great Yarmouth – Provisional Figures”.
Prémio Revelação – Fernando Santos Sucessores
“Vadio”, de Simão Cayatte
Ele estava num dia normal de aulas numa escola em Sines, no Alentejo, quando percebeu que uma equipa estava a distribuir folhetos para o casting de uma longa-metragem. Candidatou-se, escolheram-no e foi protagonista logo no seu primeiro filme. O Júri Caminhos atribui o Prémio Revelação a Rúben Simões, ator do filme “Vadio”.
Prémio “União de Freguesias de Coimbra” Melhor Animação
“Quase Me Lembro”, de Dimitri Mihajlovic e Miguel Lima
Pelo voo cinematográfico sobre a memória em que os traços nos conduzem ao universo familiar, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Animação ao filme “Quase me Lembro, de Dimitri Mihajlovic e Miguel Lima.
Prémio Melhor Documentário “União de Freguesias de Eiras e São Paulo de Frades”
“Dildotectónica”, de Tomás Paula Marques
Pela obra visionária que desafia os limites do documentário, proporcionando uma experiência única de descoberta e aprendizagem, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Documentário ao audaz “Dildotectónica”, de Tomás Paula Marques.
Prémio “Turismo Centro de Portugal” – Melhor Ficção
“Corpos Cintilantes”, de Inês Teixeira
Pela suave delicadeza da sua protagonista, lutando com as incertezas de um amor adolescente, e pela triunfante beleza do plano final, o Júri Caminhos atribui o Prémio de Melhor Ficção a “Corpos Cintilantes”, de Inês Teixeira.
Grande Prémio “Cidade de Coimbra”
“Cidade Rabat”, de Susana Nobre
Pela sua capacidade orgânica de retratar o estado de espírito da personagem principal, situada num dado contexto social e político, o Júri Caminhos atribui o Grande Prémio “Cidade de Coimbra” ao filme “Cidade Rabat”, de Susana Nobre.
Prémio do Público Crisotubos
O Prémio do Público é transversal a todas as seleções competitivas, sendo atribuído mediante o escrutínio e o cálculo da média aritmética ponderada expressa pelos espectadores, em boletim de voto próprio, no final de cada sessão.
“Não Sou Nada“, de Edgar Pêra
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