Por impossibilidade técnica não nos foi possível enviar a primeira newsletter da XV edição do Caminhos do Cinema Português, pelo que para que dela tenha conhecimento, decidimos coloca-la acessível online no site. Aos subscritores as nossas mais sinceras desculpas.
Caminhos do Cinema Português – Newsletter
De 22 a 25 de Maio de 2008 em Coimbra!
Nas últimas quatorze edições este conseguiu afirmar-se ao nível local e nacional como um espaço de referência onde o público pode assistir à maior montra de filmes portugueses, nos diversos formatos, complementada por um vasto leque de actividades paralelas. Estamos orgulhosos de ter conseguido este reconhecimento e ter contribuido decisivamente para a deslocalização geográfica de que padecem a maioria dos eventos culturais, ao realizar no centro do país este evento singular.
Queremos continuar a contestar a estranha relação que se criou entre o público português e o seu cinema, da qual estamos todos cientes, reforçando o evento com as suas componentes de formação como é o caso dos Workshops, das sessões para crianças, no caso dos Caminhos Juniores, e continuar a apostar na exibição dos trabalhos resultantes das diversas Escolas de Cinema, no caso dos Ensaios Visuais. O Festival não poderá assentar somente nas sessões competitivas, mas tem que ser obrigatoriamente preenchido com estas actividades basilares. E à semelhança da produção, entendemos ser impossível descurar a promoção e exibição da nossa cinematografia.
Temos Vencedores!
JÚRI OFICIAL
Grande Prémio do Festival – Transe de Teresa Villaverde
Melhor Longa – Atrás das Nuvens de Jorge Queiroga
Melhor Curta – Cântico das Criaturas de Miguel Gomes
Menção Honrosa – História Desgraçada de Elsa Bruxelas
Melhor Animação – Stuart de Zepe
Menção Honrosa – Jantar em Lisboa de André Carrilho
Melhor Documentário – Logo Existo de Graça Castanheira
Menção Honrosa – Humanos A Vida em Variações de António Ferreira
Prémio Revelação – Hugo Vieira da Silva
JÚRI FICC
A Minha Aldeia Já Não Mora Aqui de Catarina Mourão
JÚRI IMPRENSA
Ainda há Pastores? de Jorge Pelicano
Menção Honrosa – Operário em Construção de Pedro Canotilho e Eduardo Nascimento
PRÉMIO DO PÚBLICO
Suicídio Encomendado de Artur Serra Araujo
PRÉMIO ARDENTER IMAGINE
Lauro António
E estamos na recta final do festival! Depois de 113 filmes durante os oito dias de festival, e de isso se traduzir em mais de 2781’38” minutos de filmes portugueses. Deixamos-vos os factos mais interessantes do festival.
O filme mais curto "Starway to Nowhere" com 1’58”
O filme mais longo "Transe" com 126′.
Em termos de alojamento foram alojados mais de 80 convidados, entre realizadores, produtores, júris e técnicos. Em termos de alimentação foram servidos mais de 250 refeições.
Cerca de 2000 crianças viram cinema português pela primeira vez. E na bagagem levaram mais de 4000 chocolates Mini Milka Souflé, 400 Sumos Joi, 420 Frutis Pêssego, 420 Frutis Pêra, 390 Frisumo Laranja, 480 Vitalis Pet, entre outras lembranças.
Este são os números de hoje, amanhã teremos mais…
É notório, nos últimos tempos, que a cada ano que passa cresce o número de projectos cinematográficos nacionais pertencentes ao género animação. Tal se tem manifestado nas últimas edições do festival Caminhos do Cinema Português, inclusive a deste ano. Cada vez mais se discute o impacto que a evolução das técnicas de animação teve no panorama do cinema português e qual o futuro que este género de cinema poderá tomar.
<p style="text-align: justify" class="MsoNormal">Neste dia que se celebra nacionalmente e anualmente como “o Dia da Liberdade”, e tendo em conta o debate “Cinema e Revolução” que se realiza hoje à tarde no Teatro Académico Gil Vicente, vimos falar da relevância desta data histórica como marco nos caminhos que o cinema português percorre.<br /><br />Com efeito, o 25 de Abril, sem dúvida uma data relevante para a história do nosso país, começa por ser uma óptima fonte de inspiração para filmes, quer sejam estes contos ficcionais que tenham como cenário os tempos da Revolução, quer sejam documentários que procurem abordar de forma imparcial e crua os tempos que se viveram e apresentá-los a públicos que não os viveram pessoalmente. Esta táctica de se aproveitarem factos históricos para servir de material para filmes não sucede apenas no nosso país. Veja-se como os americanos já representaram os ataques de 11 de Setembro, assim como a Alemanha já apresentou filmes baseados no Holocausto Nazi.</p><p style="text-align: justify" class="MsoNormal"> </p> <!--more--> <p style="text-align: justify" class="MsoNormal">Tal é prova de que o cinema, como dimensão da cultura nacional, é um testemunho do passado. Porém, não se deve entender este como uma posição estática, já que o cinema procura tanto relembrar, assim como celebrar ou até mesmo criticar factos que já passaram, de modo a elucidar gerações futuras, mesmo ao ponto de as motivarem a se criar novos ideais. De facto, não será tal uma expressão da liberdade, a mesma que agora é celebrada? A verdade é que o cinema é, em si mesmo, uma revolução, visto que procura sempre desafiar-se e, consequentemente, desenvolver como actividade criativa.<br /><br />O cinema português, assim como qualquer aspecto cultural do nosso país, foi radicalmente alterado graças ao 25 de Abril. Para melhor? Para pior? A verdade é que, mesmo após 33 anos da Revolução dos Cravos, ainda não se encontra resposta certa a tal pergunta. Deve-se, todavia, ter em conta que, mesmo que haja liberdade para se abordar qualquer temática no grande ecrã, realçando que o mundo não se encontra livre de controvérsias ou tabus, tal não é tudo no cinema. Ou seja, a liberdade é uma peça essencial, mas não a principal ou a única a ter em conta, para a realização cinematográfica, já que existem outros elementos cruciais para o seu desenvolvimento.</p>
Actualmente, o cinema português encontra-se num estado difícil. Tal deve-se ao facto de se encontrar ameaçado pela televisão. As produções televisivas recebem cada vez maiores investimentos e apoios financeiros, enquanto que o cinema é deixado por conta própria. Este caso não se limita ao nosso país. Temos como exemplo, com mais público, o caso de Hollywood, que hoje se encontra ameaçada, pois os seus escritores, realizadores e actores viram-se cada vez mais para projectos de cariz televisivo.
Transe é um dos principais filmes no cartaz dos Caminhos. Contudo, a sua exibição foi marcada pelo azar dos azares, quando surgiu um problema insolúvel já próximo do final do filme. Um corte de electricidade em toda a Praça da República – afectando assim o TAGV – impossibilitou a exibição dos últimos minutos do filme. Restou portanto a consolação de Transe não ser um filme de detectives, mas sim a última obra de Teresa Villaverde, com a elaboração visual que lhe mereceu novo prémio para a fotografia no festival de cinema de Lecce, em Itália.