Na história da cinefilia nacional, destacamos a importância que Lauro António promoveu à programação cinematográfica olhando à sua independência artística, promovendo cinema para todos os públicos. Um activismo cinéfilo fruto da participação no início do movimento cineclubista português e cuja história “urge empreender”.
A repercussão do seu trabalho – como crítico, programador, realizador, professor – foi sentida por todos os portugueses, nem que seja sumariamente referida como “let’s look at the trailer” quando Lauro António nos dava a conhecer semanalmente filmes essenciais para formar uma ampla literacia fílmica e uma cultura cinematográfica abrangente à generalidade dos portugueses.
Tivemos a felicidade de encontrar Lauro António várias vezes nos Caminhos do Cinema Português, primeiro com o prémio carreira em 2007, aquando da nossa XIV edição, e depois em 2015, na XXI edição, como jurado e formador. Recordamos esses momentos pela generosidade e companheirismo, que o caracterizava, ajudando a à nossa dupla função de formar e destacar os nossos (novos) cineastas.
Recentemente Lauro António teve a generosidade de doar ao Município de Setúbal, que criou a Casa das Imagens Lauro António, o seu espólio de cerca de 50 mil livros, filmes, fotografias e cartazes, permitindo que a sua missão cinéfila não caia no esquecimento.
Agradecemos a sua generosidade e lamentamos a partida, precoce, de um grande humanista. A nossa sociedade ficou certamente mais rica durante a sua viagem de divulgador e educador do cinema.