Crónicas da Programação – IV


17h30
A capacidade de documentar vai para além do captar o óbvio. São vários os artistas que documentam o seu próprio país e o mundo que os rodeia, sob uma perspectiva de mostrar aquilo que ainda não foi visto. Partilhar aquilo que a massa desconhece.
Na curta-metragem ‘Coisa de Alguém,’, Susanne Malorny mostra-nos objectos que se perdem e se reencontram (ou não) com os seus legitimos proprietários. Afinal, de quem são realmente as coisas que se perdem e não são buscadas?
Seguimos com ‘Alentejo, Alentejo’, de Sérgio Tréfaut, onde mergulhamos no cante alentejano. Ensaiamos, juntamente com os documentados, antigos cantos e improvisamos modas sobre o tempo presente. A junção perfeita entre imagem e som, atinge o espectador de forma inesperada, sentindo uma paixão pelo cante alentejano que aqueles grupos transmitem.
22h00
Sem quebrar o ritmo do canto, abrimos a sessão da tarde para o fado vadio, com a animação ‘Fado na Noite’, que nos mostra os marujos sedosos de vinho e mulheres. A direcção dos marujos é incógnita. Existem viagens que não têm que estar associadas com movimentação física das pessoas, por vezes podemos mover-nos em andamento, dormir inclusivamente por fora e não por dentro, é isso que nos mostra Miguel Clara Vasconcelos na sua curta ‘Triângulo Dourado’. Navegamos nas memórias e no Sena, ao mesmo tempo que tomamos estradas erradas como certas.
A sessão termina com a longa documental de Mário Patrocínio, o ‘I Love Kuduro’, em que mergulhamos num distinto movimento cultural urbano, influenciado pela raça e pela música. Despertada em discotecas em raves da baixa de Luanda, acompanhamos as estrelas idolatradas deste movimento, conhecendo algo mais que a sua superfície meramente musical.

João Pais,
Selecção Caminhos
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