Reposições

A produção cultural e a sua acessibilidade durante o último ano, vivido sobre a ameaça da pandemia Covid-19, têm sido fortemente prejudicadas em prol das medidas profiláticas promovidas por entidades governamentais um pouco por todo o mundo. Por outro lado em momentos de carência, o setor cultural está sempre na linha da frente para promover a solidariedade entre as comunidades nacionais e internacionais.

Neste momento crucial é fundamental que as comunidades tanto sintam confiança e segurança no acesso à produção cultural, como também os promotores consigam encontrar no seio de todas as limitações, formas de reunir as condições necessárias à frequência dos públicos nas suas iniciativas. Nesse âmbito os Caminhos promovem a reposição de alguns dos títulos mais marcantes das três secções competitivas na perspectiva curatorial, dos jurados e claro, do público. É ainda a oportunidade de rever títulos importantes da cinematografia nacional contemporânea que por via do re-agendamento de toda a programação do festival se viram exibidos em pleno horário laboral, académico ou escolar.

As reposições são ainda o reforço do repto promovido nesta XXVI edição dos Caminhos do Cinema Português para o regresso dos públicos às salas de cinema, um acto fundamental do público para apoiar os exibidores, distribuidores, realizadores e produtores do nosso cinema.

As sessões decorrerão no Cinema Avenida nos próximos dias: 5 de Dezembro (sábado) às 10:30 e à semana a 8, 9, 10, 15, 16, 17 de Dezembro às 18:00.

Sexta, 27 de Novembro, 15h00

Bustarenga, de Ana Maria Gomes 30′
Como acontece em todos os verões desde que nasceu, Ana vai a Bustarenga, uma pequena aldeia situada na montanha, no interior de Portugal. Aos 36 anos, esta parisiense de origem portuguesa ainda é solteira. Os habitantes da aldeia, preocupados com o seu futuro, fazem-na compreender que o tempo urge. Ana vai ouvir os conselhos e os avisos dos moradores para encontrar o principe encantado segundo os preceitos da aldeia.

 

 

Amor Fati, de Cláudia Varejão 101′
Amor Fati vai ao encontro de partes que se completam.São retratos de casais, amigos, famílias e animais com os seus donos. Partilham a intimidade dos dias, os hábitos, as crenças, os gostos e alguns traços físicos. A partir dos seus rostos e da coreografia dos gestos, descobrimos a história que os enlaça. Assente na vida quotidiana, o filme desenha diante dos nossos olhos um coro de afectos e da memória colectiva de um país, convocado o discurso de Aristófanes no Banquete de Platão: Não será a isto que vocês aspiram — a identificarem-se o mais possível um ao outro, de forma a não mais se separarem noite e dia? Se é essa a vossa aspiração, estou disposto a fundir-vos e soldar-vos numa só peça, de tal modo que, em vez de dois, passem a ser um só.

 

Sexta, 27 de Novembro, 18h00

Catavento, de João Rosas 40′
É Verão em Lisboa e Nicolau é um rapaz indeciso. Entre as dúvidas quanto ao curso universitário a seguir e que tipo de rapariga escolher para sua namorada, Nicolau passa os dias a tentar perceber quem quer ser quando for grande. O problema é que, prestes a acabar os exames do ensino secundário, grande já ele é, sem por isso ter as coisas mais claras. De indecisão em indecisão, Nicolau vai navegando à vista, tendo como única bússola para as suas possíveis escolhas as raparigas por quem se vai apaixonando e com quem imagina outros tantos possíveis futuros.

 

28½, de Adriano Mendes 92′
Um dia conturbado na vida de uma mulher, a caminhos dos trinta, que procura trabalho numa Lisboa inundada de turistas.

 

 

 

 

Sábado, 28 de Novembro, 10h30

Vencidos da Vida, de Rodrigo Areias 65′
Num velho cinema decrépito surgem várias histórias como fantasmas. Uma compilação de filmes de vários formatos projectam múltiplas versões de vencidos da vida. “Para um homem, o ser vencido ou derrotado na vida depende, não da realidade aparente a que chegou – mas do ideal íntimo a que aspirava”. Afirmava Eça de Queirós enquanto mote dos Vencidos da Vida em 1887.

 

 

 

 

Surdina, de Rodrigo Areias 71′
Num espaço rural, um velho homem recebe a notícia de que a sua falecida mulher foi vista a fazer compras na feira. Revoltado, pretende esconder-se de todos, despeitado e triste, mas os seus amigos insistem para que não dê ouvidos ao povo e aproveite tal facto para se fortalecer e, quem sabe, casar-se de novo. Esta é uma história da delicadeza de se ser velho, do que resta ainda para sonhar e para amar quando a idade avança significativamente e o corpo se enfraquece. Num Portugal antigo e recôndito, que afinal existe, apesar de tudo quanto façamos para nos modernizarmos.

 

 

Sábado, 28 de Novembro, 15h00

 

Proibida a Entrada a Pessoas Estranhas aos Navios, de André Torres 22′

Sem a possibilidade de dar a volta ao mundo, decidi dar a volta à estátua de Fernão de Magalhães, que foi quem (mais ou menos) deu a volta ao mundo pela primeira vez, há exactamente 500 anos atrás. Através dos ecos de António Pigaffeta no seu diário de bordo em “Relazione del primo viaggio intorno al mondo” encontro os migrantes que habitam o meu bairro em Lisboa.

 

 

O Fim do Mundo, de Basil da Cunha  104′

Após oito anos numa casa de correção, Spira regressa à Reboleira, um bairro de lata que está a ser destruído, nos arredores de Lisboa. Spira é bem-recebido pelos amigos e familiares, mas Kikas, um velho traficante do bairro, fá-lo perceber que não é bem-vindo.

 

 

 

Sábado, 5 de Dezembro, 17h30

(tba)

 

Sábado, 5 de Dezembro, 20h30


Moço
, de Bernardo Lopes, 14′
Confrontado pela infidelidade da mãe e pela ausência emocional do pai, João chega a um pôr-do-sol onde se recusa a voltar a casa.

 

 

 

 

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Terça-Feira, 8 de Dezembro, 20h30

Maré, de Joana Rosa Bragança, 14′
Trazido pelas ondas do mar, um fantástico ser de porte agigantado descobre um aprazível local de grande beleza natural, e faz dele a sua casa, tornando-se o guardião e a alma do lugar. Lá, encontra um alegre rapazinho com quem cria uma laço de amizade, forjado na partilha do prazer que ambos sentem em viver em harmonia com a Natureza. Mas, um dia, a paz é ameaçada por uma maré poluente e ruidosa.

 

Carnage, de Francisco Valente, 9′
Nova Iorque, 2020: muros, arranha-céus de luxo, e o “American carnage” (ou: como aprendi a deixar de me preocupar e a amar o vírus).

 

 

 

Água e Sal, de Luísa Mello, 11′
Durante as eleições presidenciais de 2018 no Brasil, uma mulher flutua em águas distantes do seu país. Quando tudo parece calmo, uma onda a atinge e a leva as profundezas do seu ser. Água e Sal é uma viagem pelo consciente de alguém em um momento que o seu país se encontra sob ameaça de um governo fascista.

 

 

Copacabana Madureira, de Leonardo Martinelli, 18′
Eleições presidenciais. Notícias falsas. Prazeres e dores pelos bairros da cidade. Brasil, século XXI.

 

 

 

 

Salazácula, de Pedro Réquio, 19’43”
Uma exploração das estruturas conceptuais da clássica história de terror do vampiro e da imagem projectada pela ditadura salazarista.

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Parto sem Dor, Marla Mire, 21′
Varria o chão do piso térreo de uma casa que tínhamos ocupado em Lisboa. Oiço bater à janela. Aproximo-me e vejo-te, na altura terias cerca de 80 anos. Estavas com um cabelo muito bem enrolado e vestida de branco, apoiada numa bengala. Penso de imediato que é uma vizinha que se vem queixar do barulho. Mas, de modo completamente desarmante, o que tu tens para me dizer é que estás muito feliz por nós estarmos aqui, na tua rua. Dizes que nos queres ajudar. Tens uma série de móveis numa cave que podemos ir buscar. Agradeço-te surpreendida pela tua generosidade e digo que vou falar de imediato com os meus amigos para irmos buscar as coisas. Retenho o número da porta da Avenida Santos Dumont, despeço-me e ponho a cabeça para dentro…Lembras-te, Cesina Bermudes?

 

Quarta, 9 de Dezembro, 20h30

Nheengatu, de José Barahona, 114′
Nas profundezas da floresta amazônica, um cineasta procura uma linguagem que foi imposta aos índios durante o período de colonização. Através desta língua mista, Nheengatu, e partilhando as filmagens com a população local, o filme é construído através do encontro destes dois mundos.

 

 

 

Quinta, 10 de Dezembro, 20h30

Um Animal AmareloReposições, de Filipe Bragança (O Som e a Fúria), 115′

Brasil, 2017. Fernando, um falido cineasta brasileiro, cresceu assombrado pelas memórias violentas de seu avô e assombrado pelo espírito de um homem moçambicano que lhe prometia riquezas e glória. Acossado pelo atual estado político e cultural de seu país, o cineasta mergulha em uma jornada de desventuras e inesperados milagres, em busca de fantasmas do passado. Uma triste e melancólica fábula tropical.

 

 

Terça, 15 de Dezembro, 20h30

O Fim do Mundo, de Basil da Cunha  104′

Após oito anos numa casa de correção, Spira regressa à Reboleira, um bairro de lata que está a ser destruído, nos arredores de Lisboa. Spira é bem-recebido pelos amigos e familiares, mas Kikas, um velho traficante do bairro, fá-lo perceber que não é bem-vindo.

 

 

 

Quarta, 16 de Dezembro, 20h30

Embers, de Adriano Palha, 4′
Um pai faz tudo o que pode para salvar a vida da sua filha. Mesmo que isso signifique convocar as divindades ocultas da natureza.

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Selvajaria, de Camila Vale, 33’30”
Uma rapariga conserta tecnologia avariada enquanto busca conforto no circuito digital.

 

 

 

 

Quinta, 17 de Dezembro, 20h30

Lascas, de Natália Azevedo Andrade, 10′
Três crianças, aborrecidas e negligenciadas, vivem das aventuras que criam nas suas cabeças, até que chega o dia em que tentam escapar de sua casa. A mãe, sempre atarefada, parece emocionalmente alheia ao que se passa em torno dela. À medida que as crianças crescem, e a rotina da mãe se torna cada vez mais cansativa, os segredos desta casa misteriosa tornam-se aparentes.

 

 

Mesa, de João Fazenda, 10’08”
Um grupo grande de pessoas reúne-se à volta de uma mesa para uma refeição. Não se percebe se são uma família ou amigos. A comida é servida sob um ambiente ruidoso, quase circense. Ao longo da refeição descobrimos as várias figuras do grupo, ouvimos as suas conversas e adivinhamos ligações entre elas. Fazem-se brindes e cantam-se os parabéns. A dada altura já há quem durma, quem leia, quem namore. O ambiente vai-se fragmentado cada vez mais. No final sobra apenas loiça suja e silêncio.

O Presidente Veste Nada, de Clara Borges e Diana Agar, 12′
O Presidente Veste Nada é um documentário sobre uma mulher, chefe de confecção de uma empresa têxtil portuguesa que confecciona roupa de bebé. O documentário conduz uma conversa entre ela e o espectador revelando uma perspectiva singular sobre o dia-a-dia na confecção envolvendo questões sócio-políticas.

 

 

A Greenhouse, de Francisco Pereira Coutinho, 15′
Ella tem uma vida aparentemente perfeita: uma casa moderna, um marido atencioso e duas filhas pequenas. Contudo, uma forte atracção pelo florista do bairro coloca-a numa posição difícil, que a obriga a escolher entre ceder ao seu Desejo, ou preservar um casamento menos convencional do que parece.

 

 

 

(tba)