Também aqui, as limitações financeiras do projecto impõem condicionalismos, ficando-se muitas vezes aquém das intenções, mas sucede, do mesmo modo, excelentes surpresas que acabam por se constituir factor fulcral do sucesso de um filme, trate-se de música original ou de temas já existentes, escolhidos para a banda musical do filme.
Recorde-se apenas a título de exemplo o filme “Kiss Me”, distinguido o ano passado nos Caminhos, cuja banda sonora musical é da autoria de José Calvário e foi gravada pela orquestra sinfónica de Budapeste, constituindo um precioso ingrediente do filme que revelou Marisa Cruz no cinema e fez dela uma das shooting stars de 2005.
Recuando um pouco no tempo até 2002, o também distinguido nos Caminhos “Esquece tudo o que te disse”, de António Ferreira, que dispõe de música original da autoria de Pedro Renato, deixando na memória, depois das luzes apagadas, o tema com o mesmo nome do título, magnificamente interpretado por Raquel Ralha.
Ora este ano e para não escapar à regra, passam no festival filmes servidos por excelentes bandas musicais, como é o caso de “Alice”, de Marco Martins, que trouxe ontem Bernardo Sassetti até ao TAGV, num concerto cujo tema central é a música que compôs para este filme.
Sem produção significativa na área do musical, a último longa-metragem que recordamos dentro deste género terá sido “Os Canibais”, de Manoel de Oliveira, que remonta a quase duas décadas atrás, mais precisamente ao ano de 1988, nem sempre o nosso cinema é servido pela melhor música, mas também proporciona a espaços regulares agradáveis surpresas.
Como se sabe, a procura estimula a oferta e talvez comece a chegar o tempo dos Caminhos do Cinema Português arranjarem lugar no seu palmarés para mais um prémio, o de melhor banda sonora musical que constituiria mais um incentivo aos compositores de música para cinema.