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A cegueira moral à vista de todos

Sob o tema “Preconceito e Cegueira Moral”, a sessão das 15h do segundo dia do Festival Caminhos do Cinema Português exibiu as curtas “O meu avô”, “Bué Sabi” e “Bobô”

Sob o tema “Preconceito e Cegueira Moral”, a sessão das 15h do segundo dia do Festival Caminhos do Cinema Português exibiu as curtas “O meu avô” de Tony Costa e “Bué Sabi” de Patrícia Vital Delgado e a longa-metragem “Bobô” de Inês Oliveira. A sessão decorreu no TAGV e contou com a presença das realizadoras Inês Oliveira e Patrícia Vital Delgado e ainda com a actriz principal de “Bué Sabi”, Inês Worm-Tirone.

A primeira curta conta a história de um miúdo que vai passar férias a casa dos avós; inicialmente não se consegue desligar da tecnologia mas aos poucos vai descobrindo a beleza da vida no campo, abdicando dos jogos e consolas para ajudar os avós. “O meu avô”, de Tony Costa, é dedicado ao actor António Rama que interpreta a personagem de avô e que faleceu antes do filme estar concluído.

“Bué Sabi” de Patrícia Vital Delgado foi a segunda curta exibida durante a sessão. Com a duração de 20 minutos, a história retrata a amizade de três raparigas de diferentes etnias e realidades sociais e conseguiu arrancar várias gargalhadas ao público. Patrícia Vital Delgado afirma que o principal objectivo da curta foi “falar um pouco da minha adolescência em Lisboa, já que conseguia funcionar melhor com pessoas que não eram do meu meio social e apercebemo-nos que essas barreiras sociais não importam”. Elogia ainda o trabalho de preparação da protagonista Inês Worm-Tirone que, não sendo de etnia cigana, se teve de adaptar ao papel que iria representar: a própria actriz afirma que “não sou de etnia cigana mas aprendi muito ao ser confrontada com uma realidade que não conhecia” e riu-se ao lembrar uma das aventuras ao conviver com a sociedade cigana: “tentaram-me casar e foi um bocadinho assustador”.

A longa-metragem de Inês Oliveira, “Bobô”, acompanha o luto da personagem principal pela morte do seu irmão, contando com a ajuda de uma emigrante enviada do Brasil pela mãe (interpretada por Maria João Luís). A realizadora esclareceu que “o ponto de partida foi a história entre aquelas personagens” e que o “o contexto individual é mais importante que o contexto social”.

As sessões foram bem recebidas pelo público que agraciou as três produções cinematográficas com uma salva de palmas.

Texto: Cláudia Carvalho Silva
Fotografia: Lia Ferreira