20 Anos: A Comédia de Deus

Esta semana, a 7 de Novembro, o Ciclo 20 Anos de Cinema Português irá exibir a segunda longa metragem da triologia das “Recordações da Casa Amarela” de João César Monteiro. A Comédia de Deus será exibida no Mini-Auditório Salgado Zenha às 22:00. Entrada Livre.

JOÃO CÉSAR MONTEIRO

Nascido na Figueira da Foz (1939), é uma das figuras mais relevantes do cinema português. Controverso e original como a sua obra, introduz nas suas primeiras obras o conceito de “antropologia visual”. Os seus filmes únicos ganharam um protagonismo internacional, tendo participado regularmente nos grandes festivais europeus. A trilogia do personagem João de Deus é talvez o mais consensual dos seus trabalhos – tendo o primeiro filme, Recordações da Casa Amarela, sido agraciado com o Leão de Prata do Festival de Veneza. A prestigiada revista Cahier du Cinema selecionou os outros dois filmes, A Comédia de Deus e As Bodas de Deus, entre os melhores 10 de 1996 e 1999, respectivamente.

Festivais & Prémios

– Veneza 1995 – Prémio Especial do Júri
– Zurique 2002 – Museu de Zurique

Intérpretes

Cláudia Teixeira
Joaninha

Max Monteiro
João de Deus

Manuela de Freitas
Judite

Raquel de Ascensão
Rosarinho

A COMÉDIA DE DEUS

1995, 165′

Os dias do senhor João de Deus decorrem sem grandes sobressaltos, divididos entre o seu trabalho no “Paraíso de Gelado” onde, a contento de todos, desempenha as funções de encarregado e de inventor da especialidade da casa, o famoso gelado “Paraíso”, que faz as delícias da clientela, e a sua casa, onde, paralelamente aos trabalhos domésticos, ocupa as suas horas de ócio, quase sempre solitárias, a coleccionar pentelhos femininos, num precioso album a que chama “Livro dos pensamentos”.

As raparigas de origem modesta constituem o pessoal do estabelecimento, são objecto dos cuidados permanentes do responsável, zeloso pelo cumprimento de regras básicas de higiene que não façam perigar a saúde pública.

Satisfeita com o curso do negócio, Judite, a patroa, sonha fundi-lo com uma empresa francesa e conta com os préstimos de João de Deus para impressionar favoravelmente um famoso geladeiro francês, vindo expressamente de Paris para provar a especialidade da casa. Os resultados são nulos e saldar-se-ão por um rotundo fracasso.

Entretanto, o comportamento de João de Deus – até aí sem falhas – começa a apresentar sintomas de desvios algo inquietantes. Que o digam a senhora arquitecta, Rosarinho e Virgínia.

Um belo dia, João de Deus encontra a Joaninha de olhos verdes, a filha do corpulento talhante da esquina e, depois de a ter atraído a sua casa, presenteia-a, não só com um banho de leite de vaca, como com tantas e tais guloseimas, que a menina se sente acometida de indisposição intestinal, o que, felizmente, graças a João de Deus, é passageiro.

O carniceiro progenitor, pretextando bestiais ofensas ao hímen de Joaninha, prepara-se para lavar a honra ultrajada num banho de sangue.

Hospitalizado de urgência, em estado considerado desesperado, João de Deus consegue, todavia escapar às garras de morte. Também Judite, desta vez, não se compadece: despedimento com justa causa.

De regresso a casa, aguarda-o um quadro devastador: uma montanha de destroços, tudo feito em cacos, o “Livro dos pensamentos” reduzido a cinzas.

 

 

Ficha Técnica

Realização e Argumento
João César Monteiro

Director de Fotografia
Mário Barroso

Montagem
Carla Bogalheiro

Som
Rolly Belhassen

Música
Claudio Monteverdi
Joseph Haydn
Richard Wagner
Johann Strauss Jr.
Quim Barreiros
Deushland Über Alles
La Marseillaise
Alma Negra

Mistura
Jean-François Auger

Decoração
Emmanuel De Chauvigny

Guarda-roupa
Matilde Matos

Direcção de Produção
Antónia Seabra

Produção
GER — Grupo de Estudos e Realizações (Joaquim Pinto)

Uma co-produção
Pierre Griesse Productions (Martine Marignac)
Mikado Films (Robero Ciccuto)
Zentropa Production (Peter Aalbaek Jensen)
La Sept