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Crónicas da Programação – II


15h00
Começamos o segundo dia do festival com a abertura da temática ‘Preconceito e Cegueira Moral’, que tem como objectivo alertar a nossa audiência para ideias pré-concebidas que detenham, mostrando-lhe realidades que por vezes são desconhecidas.

Começamos o segundo dia do festival com a abertura da temática ‘Preconceito e Cegueira Moral’, que tem como objectivo alertar a nossa audiência para ideias pré-concebidas que detenham, mostrando-lhe realidades que por vezes são desconhecidas. Com a curta ‘O Meu Avô’, de Tony Costa, encontramos um diálogo geracional entre uma criança de 11 anos e o seu avô, e decisões de índole moral que mostram conceitos de educação contemporânea e os valores passíveis de serem transmitidos. Continuamos com o conceito de relações improváveis, agora no campo da amizade com ‘Bué Sabi’ de Patrícia Vidal Delgado, revelando uma verdadeira cumplicidade entre uma cigana que mora na Buraca, a sua melhor amiga cabo-verdiana e uma jovem da classe média alta. Terminamos a sessão das 15h00 com ‘Bobô’ de Inês Oliveira, deparando-nos com uma mulher só que é influenciada por uma jovem guineense a confrontrar os seus próprios fantasmas. Além do plano psicológico, este filme alerta-nos sobre considerações relacionadas com a mutilação genital a crianças, neste caso a Bobô.

17h30

O espectador começará este final de dia com mais alertas, agora no plano da animação com ‘Ana – um palíndromo’ de Joana Toste alertando-nos para tudo pode acontecer de forma inversa à palavra original. Com ‘O Canto dos 4 Caminhos’, de Nuno Amorim, vemos um afeiçoar entre um guarda de campo de milho e uma pega-rabunda, que por culpa daquele o deixa só e em silêncio.

Das animações, continuamos para as curtas com ‘Éden’ de Fábio Freitas, que nos mostra uma versão liberal do Jardim original, em que dois homens provam o fruto proibido e não querem abandonar tal espaço. A ideia de que a diferença faz-nos únicos, está também presente em ‘Branco’ de Luís Alves, com uma sátira política que nos leva a crer que um homem consegue ir contra todos, neste Portugal de hoje, quando os seus ideais são fortes. Em ‘Cigano’, David Boneville regista um jovem de classe alta que aceita ajuda de um jovem cigano aquando de um impedimento com o seu carro, sendo forçado a dar-lhe boleia. O destino é incerto.

Encerramos a sessão da tarde com ‘Nós os Chineses’, onde Carlos Fraga documenta a aproximação da comunidade chinesa em Portugal e fala-nos de questões de tolerância. É a oportunidade do espectador conhecer o que pensam os chineses dos portugueses, o que pensam acima de tudo sobre si mesmos e sobre o que se passa no estado actual das coisas.

22h00

Na sessão da noite, começamos com o percurso de ‘Sonhar e Ficcionar em Português’ com a animação ‘Carrotrope’ de Paulo D’Alva, em que dois objectos nos mostram metaforicamente os movimentos cíclicos da vida. Com a curta-metragem ‘Ponto Morto’ de André Godinho viajamos de férias com um jovem casal, que durante a sua viagem de carro encontram uma mulher morta. A linha entre a ficção e a realidade cinematográfica torna-se muito ténue nesta curta, em que todos os caminhos vão dar ao décor onde a mulher morta anda.

Encerramos com um sonho tipo pesadelo em ‘Virados do Avesso’, de Edgar Pêra, onde o protagonista acorda junto de um homem despido, tendo uma reacção de amnésia selectiva que recalca a sua homossexualidade. Sendo uma comédia romântica em português, é-o de forma original e distinta.

João Pais,
Selecção Caminhos