10ª Crónica

O palmarés pode parecer extenso, mas obedece a critérios do júri que entendeu por bem distinguir todos os filmes que considerou dignos de aplauso e antes isso do que deixar em claro trabalhos merecedores de ficarem na história deste festival, o único dedicado exclusivamente ao cinema português.

Para além da vasta programação de 136 filmes, este ano enriquecida com a secção “Ensaios Visuais”, dedicada a filmes de escolas, dum catálogo que constituiu o “guião” da edição e do palmarés que representa como que um balanço destes dez dias de cinema, ficam também algumas considerações sobre o actual momento do cinema em Portugal e o seu futuro.

Quis a organização dos Caminhos, da responsabilidade do Centro de Estudos Cinematográficos, da Associação Académica de Coimbra, que o júri oficial fosse constituído por um realizador de ficção, outro de cinema documental e um terceiro de animação: António Ferreira, Jorge António e José Miguel Ribeiro, respectivamente, cujo conjunto se nos afigura um dos mais equilibrados de entre os festivais portugueses e estrangeiros em que temos participado.

Daí, talvez, o palmarés justo e sem exclusões, contemplando a qualidade e deixando de lado quem não a demonstrou, num incentivo ao bom cinema que todos desejamos e urge exigir para o nosso país. Daí, também, as considerações que extrapolam o espaço dos Caminhos e chegarão inevitavelmente a quem de direito, apontando no sentido de se rever a estrutura de produção de cinema português, com especial incidência na acção do ICAM, Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia.

A presença de António-Pedro Vasconcelos na sessão de encerramento para receber o prémio Ardenter Imagine, trouxe à festa de encerramento desta grande festa do cinema português uma voz incansável, na defesa intransigente do nosso cinema, na preparação de um futuro melhor para os filmes que chegarão às nossas salas.

Há que derrubar barreiras entre o público e o seu cinema, há que entender que este cinema é talvez um dos últimos cinemas independentes do mundo, porque o cinema não se faz só com os euros do Estado, mas faz-se sobretudo com ideias e essas podem florescer em liberdade num país sem censura oficial e isento da censura financeira das  produtoras.

Falta conquistar o público, o que se começa a fazer nos Caminhos, com muitas salas cheias que todos registámos com natural satisfação aqui no TAGV, ao longo desta rica maratona de cinema português.